Faltam líderes que defendam o amanhã

"O mundo precisa desesperadamente de unidade nacional e solidariedade global. A politização da pandemia a exacerbou [...] A maior ameaça que enfrentamos agora não é o próprio vírus, é a falta de solidariedade global e de liderança global." 
(Tedros Adhanom, diretor geral da OMS) 

Nos últimos dias li alguns ensaios, dentre os quais O amanhã não está à venda e Na batalha contra o coronavírus faltam líderes à humanidade. O primeiro, de Aílton Krenak, escritor brasileiro e indígena autor de Ideias para adiar o fim do mundo - que ainda não li, mas tá na lista! -, e o segundo de Yuval Harari, autor de Sapiens: Uma breve história da humanidade, o qual li e indico. Os comprei gratuitamente na Amazon (meu tipo preferido de compra), e eles ainda estão disponíveis para quem quiser fazer o download.

Ambos são ensaios - textos curtos, que dá pra ler bem rapidinho - tratam da atual situação de pandemia. Eu indico pelo conteúdo que faz jus à importância dos dois autores, e pela habilidade de escrita de ambos, que são sensacionais. Eles falam de política de uma forma acessível e gostosa de ler. Harari eu já conhecia; quanto a Krenak, foi meu primeiro contato e gostei muito. Os autores abordam a questão a partir de lugares diferentes, mas acabam convergindo, uma vez que considero as duas visões complementares. E a partir dessas leituras faço minha própria observação.

Hoje formamos uma comunidade global. É certo que medidas de isolamento social precisam ser tomadas, entretanto, mais do que nunca precisamos nos unir. Nosso modo de vida nos trouxe até onde estamos: um mundo tão interconectado que propiciou a propagação do vírus a uma velocidade gigantesca. Ao passo em que essa mesma colaboração internacional propicia que compartilhemos as melhores formas de lidar com a situação, ou que façamos acordos internacionais para pesquisa e aplicação da vacina, por exemplo.

Pena que há lugares em que faltam líderes de verdade, como é o caso do Brasil e Estados Unidos. Nos acostumamos a ver os EUA numa posição de liderança, e que agora tem se eximido da responsabilidade em um egoísmo suicida, que, para usar a palavra cunhada por Krenak, se encaixa bem como necropolítica. E isso fica extremamente evidente quando sai para a mídia uma entrevista do atual presidente Trump afirmando que sempre reconheceu a gravidade da pandemia, apesar de sempre sempre sempre ter minimizado a situação em seus discursos e em suas atividades políticas. Não a toa as taxas de mortalidade por COVID-19 dos EUA são altíssimas, e o Brasil, pelo mesmo caminho.

Ingenuamente eu os tinha como tontos, como burros. Estou falando dos palhaços, digo, presidentes desses países que citei. Mas não os vejo mais dessa forma. Agora eu os enxergo como realmente são: essas políticas são intencionais, são bem pensadas e refletem os valores dessa ideologia. É uma política que não prioriza a vida, e que passa muito longe da solidariedade que necessitamos mais que tudo neste momento.

São os mesmo valores que vendem o nosso amanhã. Um futuro que nem sabemos se teremos. Esse nosso modo de vida capitalista, que nos obriga a permanecer produtivos mesmo - e principalmente - num momento de crise como este. Fomos obrigados a parar um pouco, refletir bastante - pelo menos eu tenho refletido bastante -, e não sairemos os mesmos desta experiência. Pelo menos é o que eu espero: que saiamos com um maior senso de coletividade e valorizando ainda mais a vida.

E numa visão otimista, para cada discussão sobre como as desigualdades sociais afetam as populações de diferentes formas, há uma iniciativa comunitária de ajuda mútua para dirimir essas dificuldades. Há conhecimento sendo compartilhado cada vez mais. Estamos isolados, mas estamos mais conectados do que nunca. 

Comentários

  1. Menina, eu preciso de uma resenha de Sapiens pra onteeeemmm!

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    1. Temos uma resenha de Sapiens aqui no blog :D

      https://nuporemvestida.blogspot.com/2020/04/livro-sapiens-uma-breve-historia-da.html

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  2. Eu também tinha essa mesma visão sobre alguns líderes políticos, principalmente a respeito do Sr. Jair. Mas, meu pai sempre me alertou que não era falta de inteligência ou ignorância da parte deles. Pelo contrário, eles sabem muito bem o que estão fazendo e já entraram com esse propósito.

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