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Mostrando postagens de setembro, 2020

Livro | Os sete maridos de Evelyn Hugo (Taylor Jenkins Reid)

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Comecei a leitura de Os sete maridos de Evelyn Hugo muito despretensiosamente. Percebi que existia uma certa comoção na internet por esse livro, mas eu não costumo me manter tão atualizada nos lançamentos, e nem me comover muito com o que fica hypado (é o medo de ter as expectativas frustradas). Como resultado, comecei a ler Evelyn Hugo  depois de uma indicação (sem muitas explicações) de uma amiga. E fui surpreendida: a história é muuuuito boa. Tem bastante coisa que eu gostaria de comentar, mas acabaria trazendo spoilers e estragando a experiência, então vamo ver no que dá esse meu texto sem spoilers. Eu fingindo ser uma estrela de cinema (foi o melhor que consegui fazer kkk) O título me causou estranhamento porque é problemático ver mulheres reduzidas a seus relacionamentos amorosos como se isso fosse a coisa mais relevante de suas vidas. Mas logo compreendi a proposta: Fala-se dos sete maridos, mas a personagem principal é a Evelyn e todas as suas dimensões. Como um grande amigo d

Livro | Mulherzinhas (Louisa May Alcott)

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- Não entendo. O que pode haver em uma historinha simples como essa para fazer as pessoas a elogiarem dessa forma? - perguntou-se ela, bastante desnorteada. Com a citação acima, da personagem Jo, penso que a autora se referia ao sucesso de seu próprio livro.  A linguagem e forma otimista com que esse livro foi escrito, com finais felizes, resolução de conflitos, tudo bem fofo e perfeitinho era exatemente o tipo de livro de conforto que eu estava precisando no momento em que li. Mas reconheço que não é o estilo com o qual estou acostumada a ler. E o fato dele parecer tão "inofensivo" é explicado, inclusive, pelo contexto em que foi escrito. Comecemos então discutindo sobre o título: no original Little Women pode ser traduzido literalmente como Mulherzinhas , mas a escolha para a adaptação cinematográfica foi Adoráveis Mulheres , o que creio que transmite bem a ideia do livro. Nossa língua portuguesa é um tanto sexista, e "Mulherzinhas" soa pejorativo, vulgar ou em to

Foca no suspense (dessa vez é sério)

Outro dia me propus a escrever sobre os suspenses que li durante a quarentena. Escrevi escrevi escrevi bastante sobre meu processo de leitura e nem indiquei os livros. Agora é sério, vamos à lista: A paciente silenciosa (Alex Michaelides) Fazia tempo que um livro não me fisgava tanto quanto esse. Eu gosto bastante da temática de saúde mental e essa história conta justamente o caso de uma pintora que foi condenada pelo assassinato do marido, mas desde então não falou nenhuma palavra sequer. Sendo interna em um hospital psiquiátrico por décadas, sem proferir nenhuma palavra, nem mesmo para se defender da acusação. Até que surge um novo médico psiquiatra que encara o desafio de fazê-la falar. Eu li esse livro em dois dias. A narrativa é realmente muito envolvente. A corrente (Adrian McKinty) Esse é um típico suspense 3 estrelas. Três estrelas porque ele não é excepcional, não me causou tantas surpresas, mas mesmo assim é um bom entretenimento e te ajuda a sair da inércia literária. Eu go

Livro | Estação Carandiru (Drauzio Varella)

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Imagem (editada) que estampa a capa do filme Carandiru (2003) Neste livro, que deu origem ao filme Carandiru de 2003, Drauzio narra sobre sua experiência como médico no Complexo Penitenciário do Carandiru durante a década de 1990. Não é um livro apenas para médicos, pelo contrário, Drauzio utiliza pouco da linguagem médica, e as histórias interessam mais do que as patologias. É bom ler algo do tipo, escrito por um médico, profissão muitas vezes tida como insensível. Com mais de vinte anos de clínica, foi no meio daqueles que a sociedade considera como escória que percebi com mais clareza o impacto da presença do médico no imaginário humano, um dos mistérios da minha profissão. O mais bacana sobre a escrita do autor é que ele se coloca com sinceridade, confessando seus medos, preconceitos e receios em estar ocupando aquele espaço. É inicialmente como um observador externo que Dr. Drauzio apresenta a estrutura do presídio e as dinâmicas de cada pavilhão; E é aos poucos ganhando a confian

Faltam líderes que defendam o amanhã

"O mundo precisa desesperadamente de unidade nacional e solidariedade global. A politização da pandemia a exacerbou [...] A maior ameaça que enfrentamos agora não é o próprio vírus, é a falta de solidariedade global e de liderança global."  (Tedros Adhanom, diretor geral da OMS)   Nos últimos dias li alguns ensaios, dentre os quais O amanhã não está à venda e Na batalha contra o coronavírus faltam líderes à humanidade . O primeiro, de Aílton Krenak, escritor brasileiro e indígena autor de Ideias para adiar o fim do mundo -  que ainda não li, mas tá na lista! -, e o segundo de Yuval Harari, autor de Sapiens: Uma breve história da humanidade , o qual li e indico. Os comprei gratuitamente na Amazon (meu tipo preferido de compra), e eles ainda estão disponíveis para quem quiser fazer o download. Ambos são ensaios - textos curtos, que dá pra ler bem rapidinho - tratam da atual situação de pandemia. Eu indico pelo conteúdo que faz jus à importância dos dois autores, e pela habili

Foca no suspense

Sempre gostei de um bom livro de suspense. Daqueles que te aprisiona na leitura. Do tipo que você lê compulsivamente até que o mistério seja desvendado. Também gosto de terror, mas confesso que li bem poucos livros do gênero, a maior parte foram de Stephen King. Terror sem suspense não tem graça, né?  Claro que o gênero da minha leitura varia bastante. Ultimamente tenho lido muito menos fantasia, muito mais livros de não-ficção, e tenho adotado um hábito de ler mais de um livro ao mesmo tempo, chegando ao ápice de quatro ou cinco livros simultâneos. No meio desses meus quatro livros geralmente há um mais sensível, algo poético, um outro mais pesado, geralmente não-ficção, e um de suspense. Por exemplo, meu último grupo de leituras foi A descoberta do mundo (Clarice Lispector) + Estação Carandiru (Drauzio Varella) + As Outras Pessoas (CJ Tudor). Gêneros bem diferentes entre si, o que me garante que quando cansar de uma leitura eu tenho outra para mudar de cenário quase que totalmente. F

Descobertas cotidianas

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Esta foto é meramente aleatória Faz um tempão que estou lendo A Descoberta do Mundo , de Clarice Lispector. Dois meses, para ser exata. Eu estar demorando tanto não quer dizer que o livro seja ruim. Nesse caso, significa que cada crônica - ou a maioria delas -, por mais curta que seja, me traz grandes reflexões. Então é um livro para ser lido devagar, e não para ser devorado todo de uma vez. Assim penso eu. Em  muitas de suas crônicas, que em geral são sobre o mundo e a vida (nossa, que tema vasto!) ela se expõe (sua vida, suas ideias, seu cotidiano) de uma forma que lembra os áureos tempo do blogue: quando não tinha muito esse negócio de "nicho", e as pessoas simplesmente escreviam sobre o dia-a-dia. Seria esse o percursor das blogueiras de lifestyle , então? Seria Clarice a primeira blogueira brasileira?  A Descoberta do Mundo  é um compilado de crônicas de uma coluna que ela escrevia semanalmente no Jornal do Brasil. Eu sei, é um exagero dizer isso, pessoas escrevem coluna

So so

Fui ao supermercado, encontrei ótimas verduras, pouca fila. Lavei o cabelo, que já estava sujo há uma semana. Participei de uma reunião online produtiva e com boas notícias. Fiz canjica com minha avó e apesar de poder ter acertado melhor o sal e o açucar, a consistência ficou perfeita. Li bastante um livro bem leve e divertido, pra variar um pouco das minhas leituras densas. Assisti novela com minha bisa e ela gargalhou demais por causa de algo que até agora não entendi, mas na hora ri junto. Minhas dores de cabeça recorrentes me deram uma folga. Hoje foi um dia incrivelmente mediano.  Isso é ótimo, não?  Não, não é ótimo.  Mas é bom o suficiente.  Por hoje.

Sábado

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Acordei achando que hoje era sábado.  Achar que hoje era sábado tinha uma certa lógica na minha mente. Não foi como no dia em que acordei e tinha certeza de que o mundo tinha acabado porque por milésimos de segundo olhei para a janela em frente à minha cama e enxerguei tudo branco: não havia céu ou nuvens. Tudo branco. Senti meu coração palpitar e então a lógica me retornou, meus olhos se ajustaram a luminosidade e o céu azul surgiu na minha janela. Foi um breve momento de desespero. Hoje ao ser acordada pelo gato (e abro um parêntese para afirmar que agir como despertador certamente é uma das funções inalienáveis dos gatos domésticos), entrei num pequeno desespero por achar que era sábado. Usei minha lógica, que descrevo a seguir, e permaneci no equívoco por algum tempo:  Tive o perfeitamente razoável pensamento de que uma encomenda minha atrasou devido a greve dos correios. E que os correios só tem funcionado dia de segunda, quarta e sexta. E eu não me lembrava do resultado da reuniã