Desvendando as nuances da vida

Dia 27 - e eu sem internet - houve em Valença uma caminhada pela paz. Lotou de gente. Se bem que nós, estudantes, fomos praticamente obrigados a ir, mas isso não conta. O grupo da igreja entoava músicas religiosas, logo atrás vinham pessoas com cruzes de madeira e imagens das pessoas que haviam falecido por causa da violência. Ah, e é claro, o queridíssimo prefeito indo na frente. Cansei de andar e tomar chuva. Naquele dia eu estava com um mau humor terrível, e sobrava pra todo mundo que estivesse por perto. Que raiva de mim mesma, se eu fosse outra pessoa teria me esmurrado toda. O engraçado é que no final do dia eu já estava normal, numa boa. Não consigo me entender. Nem ficamos até o final da caminhada por que surgiram boatos de um grupo de meninos que estavam armados. Eu duvido que seja verdade, mas já estava cansada mesmo.

Logo no dia que a internet aqui caiu sem mais nem menos o professor de inglês resolve passar uma atividade pelo ead valendo 3,0 pontos. Maldito ead que até hoje não consigo mexer direito. Segunda-feira, antes de alguém da turma saber que ele tinha postado essa atividade fui lá olhar e não encontrei nada. Só ontem, no dia de entregar o trabalho é fiquei descobrindo da sua existência, pensem na maravilha de nota que vou receber. Argh! Que ódio desse ead!

Sexta-feira eu viajei pra Nazaré das Farinhas pra ir na festa da feira de Caxixis. Acho que é a primeira vez que passo a Semana Santa longe da família. Eu e mais sete pessoas fomos lá cerrar a comida de Mainha, que é avó de Renata, mas já adotou todo mundo que tava lá. Primeiro dia de festa, sexta à noite. Tocou uma banda de pagode daqui da região mesmo, no estilo Exaltassamba. Eu e Gabi estávamos ridículas fingindo que sabemos dançar, e o pior é que as pessoas realmente acreditavam que nós sabíamos. Fingimos bem, deve ser. Depois me veio Canindé com umas músicas que são a cara de minha vó. Me sinto constrangida só de lembrar as coreografias ridículas. Mas a gente só se diverte assim, fazer o quê? Só sei que quando Canindé começou a cantar reggae me deu uma dor de barriga. Talves por causa dessas comidas brabas cheias de azeite de dendê, amendoim e castanha que a gente come em semana santa. Durante o teste de som para a próxima banda começou a me dar uns trololó. Nem curti Black St

Chegou minha vez de ter um feed back totalmente espontâneo e num momento inesperado que me fizesse me sentir super mal. Tenho dificuldade em me aproximar das pessoas. Eu não precisava de nenhum feed back pra descobrir que sou assim. Mas agora eu fui intitulada de rainha do gelo. E não é porque eu não converso com estranhos ou não saio abraçando todo mundo não, é tudo por causa dos meus "sei lá" ou "não" acompanhados de um dar de ombros ou um franzir de cenho. Ou por causa da minha cara de paisagem ou da maneira como eu olho por cima dos óculos de vez em quando. Me disseram que isso intimida, demonstra desinteresse. Mas o que é que tem de mais em levantar as sobrancelhas e dizer "sei lá" quando não se sabe a resposta? Eu nao sabia que não demonstrar interesse por algo que você não está interesada ou fazer cara de paisagem pra alguma palhaçada sem sentido era tão grave. Olhar matador

Como planejamos que seria: Íamos comemorar com uma semana de antecedência o aniversário de uma amiga. Só iam algumas pessoas da nossa turma e outros que repetiram de ano, éramos umas 20 pessoas. Ia ser na casa de Jéssica, no dia em que a mãe dela ia ter que sair e só ia voltar às 17:00. Como as coisas estavam caminhando: A festa não ia mais ser na casa de Jéssica, mas na casa de Peixão, um cara de outra turma, e na lista de convidados agora estavam inclusos os amigos dele. Já iriam ser, o quê... umas 30 pessoas? Como aconteceu: A aniversariante desistiu de comemorar seu aniversário com uma semana de antecedência e nem compareceu à festa. Se incluírmos a mãe de Jéssica (é, a festa voltou a ser na casa dela), que fez pipoquinha e um tira gosto pra gente e assustou todo mundo por ter voltado às 15:00... eram oito pessoas. O pessoal dançou por uns 30 min. e todo mundo começou a morgar logo. Só tinha um garoto e cedo já haviam duas menininhas cabaleantes e falando engrolado ameaçando

E quando você fica um tempão fazendo um trabalho pra na hora de apresentar você receber a pior nota da turma? Ou quando pedem uma apresentação criativa e você e seu grupo não procuram se organizar e fazem tudo de última hora e você acaba declamando um poema barroco vestida de homem?

Já tenho um professor que me chama de nuporemvestida. É o que dá ter amigos linguarudos.

Ai que preguiça. Aliás, preguiça não, cansaço. Todo dia tem alguma coisa que me impede de dormir cedo. E sábado que eu estava planejando dormir até 16:00, terei que ir num evento do colégio. Estou tentando evitar dormir nas aulas, mas isso têm demandado um esfoooorço... Acho que não tem como, já que eu sou praticamente uma nerd e na minha turma são só 18 alunos. Óh, vida.

Estou cansada, cara. Mas eu to contente. Pelo menos hoje meu cansaço não foi somente da paletada rodoviária-colégio-rodoviária-casa, foi mais por causa da aula de educação física. Não por causa da aula em si. A aula de educação física é e será chata o ano inteiro. É que tivemos uma cordinha, sabe? Apresentamos uns jogos cooperativos do tipo que faz 18 pessoas tentarem sentar todos juntos em uma única cadeira. Claro que conseguimos quebrar a cadeira antes de cumprir o desafio. Ainda não acredito que estávamos dançando Gera Samba e Fudiões do Agreste... gente...

Quando o dia tem tudo pra ser bom eu arranjo um jeito de estragar ele. Quando o dia tem tudo pra ser ruim, aí ele fica ruim mesmo. Quer dizer, pelo menos esse final de semana foi assim.

que aí eu vou sair por aí explodindo todo mundo com o poder da minha mente.