Livro | Madame Xanadu - Aureliano Medeiros

Eu sigo Aureliano no instagram faz tempo. Acho ele um ilustrador inteligente, talentoso e de grande sensibilidade. Certo dia Aure - me permito chamá-lo assim por conta do user dele no insta - anunciou que seu e-book "Madame Xanadu" estava gratuito na Amazon.

Post de @oiaure no instagram: Você já sonhou com esta mulher?

Fiquei surpresa. Não sabia que Aure era escritor. Mas logo descobri que não só escrevia, como também era jornalista e Madame Xanadu fazia parte do seu trabalho de conclusão de curso. Meu interesse já começa daí: um livro de um ilustrador que admiro, jovem autor nordestino. 

Na sinopse vi que o livro era uma história não-linear, cada capítulo era como uma carta de tarot embaralhada. Isso me deixou intrigada. E eu que não me adaptei ao app do kindle deixei esse livro lá na minha nuvem sabe-se lá por quanto tempo, até que, agora, com meu mais novo brinquedo (o kindle) nas mãos pude finalmente lê-lo.

É apenas uma história aterradora sobre muitos fins e poucos começos. Uma história deveras triste, mas que precisa ser contada. E talvez, ao final, alguém venha abrir a boca para dizer que é uma história bonita. Afinal, uma história triste é sempre bonita quando acontece com outra pessoa.

E na leitura me deparei com uma escrita sensível e de certa forma familiar, talvez pelos relatos que trazem identificação, como as passagens sobre a adolescência complicada e os dilemas de cunho psicológico que os personagens enfrentam. A narrativa é contada do ponto de vista de vários personagens, como se eles estivessem tivessem sido convidados a contar sua história (e foram mesmo). Cada capítulo é uma peça de quebra-cabeça, e cabe ao leitor montar. 

Olha que linda essa capa!

Não entendo nada de tarot, mas quando terminei de ler brinquei de tentar encaixar cada capítulo na representação de cada arcano maior e no fim tudo realmente se encaixa. E no embaralhar desse baralho o autor brinca com o tempo, mas ele já nos dá indícios disso desde o princípio, quando traz a ilustração do oroboros e avisa que a história começa pelo fim. E por falar em ilustração, cada capítulo apresenta um desenho em sua abertura. E que desenhos maravilhosos, viu? Aure é um artista incrível. 

Existe um punhado de coisas a serem ditas, um monte de palavras que eu preciso derramar. Existe algo dentro de mim que, se não sair, pode ser que acabe me destruindo por completo.

Em Madame Xanadu vemos muito sobre a saga adolescente na descoberta do gênero, da sexualidade e do amor próprio ou amor romântico. Vemos também bastante sobre saúde mental, o luto, a depressão e as estratégias de enfrentamento do sofrimento. Acompanhamos a história de um grupo de amigos, antecedendo e acompanhando o surgimento de Madame. Seja por suas ilustrações ou sua habilidade na escrita, Aure consegue criar uma narrativa bastante visual. Nos agradecimentos ele chega a dizer que Madame poderia ter sido um filme ou uma HQ, e eu concordo muito.

A princípio minha leitura não estava engatando muito bem, mas no desenrolar da história é muito satisfatório ver as peças se encaixando e as lacunas sendo preenchidas.

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