Livro | A Morte e a Morte de Quincas Berro Dágua

...um recordista da morte, um campeão do falecimento.

Nessa novela, breve e de narrativa simples, Jorge Amado faz uma crítica à sociedade burguesas por meio da forma como a família do morto se preocupa mais com a visão que a sociedade teria de Quincas, do que a vontade do morto sobre como ele desejava que fosse seu eterno descanso.
É o tipo de narrativa que sabemos o que é, porém não sabemos externar o que compreendemos. Encontri um trecho de uma resenha que aponta exatamente o que pensei e não soube expressar:
Nitidamente imbricada no Realismo Mágico, mistura sonho e realidade; loucura e racionalidade; amor e desamor; ternura e rancor, de forma envolvente e instigante. (Fonte)
Quincas Berro Dágua, que um dia já foi Joaquim Soares da Cunha, abandonou a antiga vida pacata e sem graça para viver em farras, meio a meretrizes, vagabundos e outros "tipos" considerados inadequados por sua família. Isso representa o anseio por liberdade daquele homem que era dominado, apagado da vida familiar. Ao mudar de vida e cair na malandragem foi esquecido pela família, como se tivesse morrido. Sua real morte, porém foi no cubículo imundo que tinha por casa, com um sorriso malandro no rosto e sem testemunhas. Os amigos inconformados com a morte daquele que era seu pai, irmão mais velho, conselheiro e companheiro o levaram para uma última noite de farra que culminou em um saveiro, quando o corpo de Quincas caiu ao mar, como ele queria. Morreu novamente, como o marinheiro que sempre quis ser e nunca foi.

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