Sobrevivi


Outro dia desabafei dizendo como a finalização da faculdade não estava me trazendo bons sentimentos, e o quanto eu me sentia insegura para estar nos meus primeiros plantões.

Bom, aqui estou após a minha primeira semana de plantonista. Sobrevivi.

Consegui emprego em dois lugares, o que está sendo ótimo. Acho melhor do que ter vários plantões espalhados nas pequenas cidades dos arredores.

Primeiro plantão de todos, na emergência de um hospital de uma cidadezinha aqui próxima. Conferindo doses de todos os medicamentos prescritos, e justamente por isso demorando mais do que o esperado nos atendimentos. Eu conversava demais também, mas me corrigi porque percebi que não dá pra fazer isso na emergência. A equipe que me salvou várias vezes, todo mundo muito parceiro, compensando minha inexperiência. Deu certo. Após um parto, estabilização de pacientes baleados, uma barata retirada de um ouvido e várias outras coisinhas... sobrevivi.

Dois dias depois lá estava eu pronta para duvidar de minha capacidade novamente. Só que dessa vez num posto de saúde / pronto atendimento na zona rural. Eu gosto muito mais de atender no posto de saúde, ter o acompanhamento longitudinal, diferente de quando você fica na emergência e geralmente nunca mais vê a pessoa de novo; faz aquela tentativa de tratamento, e não sabe se realmente deu certo, porque o paciente não retorna. O posto de saúde me dá essa sensação de co-responsabilidade muito mais fortemente. Enfim, me identifico mais.

Nesse local na zona rural também encontrei uma equipe excelente que me ajudou muito. Ao mesmo tempo em que atendi emergências, transferi pacientes graves, fiz pequenos procedimentos... um pouco de tudo. Devido ao difícil acesso eu viajo pra lá, e passo três dias seguidos dormindo na unidade, e só então viajo de volta para casa. Os atendimentos ambulatoriais terminavam por volta das 17h, mas sempre surgia alguma emergência que me ocupava durante a noite. Felizmente peguei três madrugadas tranquilas, conseguindo descansar o suficiente para trabalhar bem na manhã seguinte. 

Conferindo doses de todos os medicamentos prescritos e demorando mais do que o esperado nos atendimentos. Uma hora a gente pega o ritmo. 

Agora estou aqui, arrumando a minha mala novamente. Desejando sobreviver a mais uma semana, até que não se trate mais de sobrevivência.

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