Diário de Interna | Cheiro, lixo e futuro
Geralmente ando pelo hospital junto com minha dupla. Hoje assistimos a uma cirurgia com uso do bisturi elétrico. Ele disse que não daria pra ser cirurgião por conta do cheiro.
No que diz respeito ao bisturi elétrico é o
Mas depois dessa observação dele parei para pensar nos diversos cheiros com os quais nos deparamos no hospital.
Cheiro de álcool, sabão, clorexidina, assepsia.
Não é por mal.
Por enquanto é mais simples. Se esforçar pra lembrar o nome do paciente. E alguns marcam a gente, marcam mesmo. Dar uma atenção especial a alguém que esteja com um caso complicado, ou não esteja conseguindo se desenrolar com a burocracia do hospital. Por enquanto é mais simples, somos estagiários e temos um tempinho aqui e ali pra fazer isso. Só espero que o sistema não quebre a gente. Agora ou no futuro.
No que diz respeito ao bisturi elétrico é o
Cheiro de carne queimada, carne cortada, coagulada.
Mas depois dessa observação dele parei para pensar nos diversos cheiros com os quais nos deparamos no hospital.
Cheiro de ferida, pus e sangue.
Cheiro de excrementos, carne podre, úlcera.
Cheiro de urina concentrada.
Cheiros inexplicáveis.
Cheiro de urina concentrada.
Cheiros inexplicáveis.
Não são cheiros convidativos, exceto pelo cheiro de limpeza.
Cheiro de álcool, sabão, clorexidina, assepsia.
É bom o cheiro da cura.
Depois que a ferida é desbridada.
Depois da carne morta descartada.
Depois do curativo feito.
***
Hoje eu vi uma perna no lixo.
Às vezes nossos pacientes, apesar de terem cheiros, não têm nomes. Às vezes não assisto a cirurgia de Pedro ou de Maria, mas temos ali um apêndice, uma craniectomia qualquer.
Não é por mal.
Na emergência o fluxo de pacientes é tão grande e os problemas de cada um são tão diversos. Que não dá tempo de se apegar ou fazer o máximo possível pelo paciente.
Será?
É uma experiência completamente nova pra mim que estou acostumada a práticas ambulatoriais de assistência mais longitudinal, que me dá tempo de descobrir quem é a pessoa além da doença.
Mas o pouco tempo não impede que façamos um atendimento agradável, atencioso e resolutivo.
Será?
É uma experiência completamente nova pra mim que estou acostumada a práticas ambulatoriais de assistência mais longitudinal, que me dá tempo de descobrir quem é a pessoa além da doença.
Mas o pouco tempo não impede que façamos um atendimento agradável, atencioso e resolutivo.
Por enquanto é mais simples. Se esforçar pra lembrar o nome do paciente. E alguns marcam a gente, marcam mesmo. Dar uma atenção especial a alguém que esteja com um caso complicado, ou não esteja conseguindo se desenrolar com a burocracia do hospital. Por enquanto é mais simples, somos estagiários e temos um tempinho aqui e ali pra fazer isso. Só espero que o sistema não quebre a gente. Agora ou no futuro.
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