Diário de Interna | Cansada, porém satisfeita

Até agora ainda não tivemos uma semana completa no hospital. Fomos interrompidos pelas festas de fim de ano.

Que pena que perdemos a oportunidade de estar mais presentes e aprender mais no estágio.
Que bom que tivemos esses dias para desanuviar a mente, ver a família e se distrair. Para mim, esse fim de ano foi um momento muito muito importante. Eu precisava disso.

Já estive no hospital no dia 25, meu segundo dia. Eu fui sozinha, não era um dia obrigatório. E  entrei numa ala nova - a unidade de tratamento de queimados -, com preceptores que eu já conhecia da universidade, mas que não tinha uma relação muito próxima. Para estar numa área em que nunca estive: a cirurgia plástica, e tendo um seminário, o qual não tive tempo de me preparar, no dia seguinte.

Pode parecer que escrevi tudo isso para justificar alguma frustração que tive. Mas não. Meu estágio na plástica, que durou duas semanas e já acabou, foi bom demais. Os preceptores foram incríveis. Ensinaram a mexer no sistema e fazer o trabalho burocrático, fizeram cobranças porém não de um jeito que pesasse demais, apenas de uma forma que desperta em você a vontade de estudar mais. Assim no dia 25 eu fui para o hospital às 9h e saí às 20:30, muito cansada, porém muito satisfeita.

Acabou que por ter estado presente durante todo o dia, estudei, mas não o suficiente para ter um bom desempenho no seminário do dia seguinte. Digo, ninguém comentou nada de negativo sobre a minha apresentação, mas a minha crítica interior não gostou nada, porque sabia que eu poderia ter feito melhor. Mas as circunstâncias não favoreceram: O seminário foi anunciado na segunda-feira, na terça fiz todo o slide (que ficou bem bonito), e fui estudando no decorrer da tarefa. Na quarta estudei um pouco, já que estava ocupada no hospital e cheguei em casa bem cansada. 

Se perdoa, menina. 
Pra quê ser tão exigente consigo mesma?
Ninguém precisou ouvir todas essas justificativas, mas eu precisava dizer tudo isso a mim mesma.

***

Não vou dizer que de lá para cá foi tudo as mil maravilhas, não duvidei de mim mesma, não tremi na base para fazer procedimentos, não vi meu coração quase sair pela boca, não levei bronca. Tudo isso aconteceu. Mas estou me sentindo muito mais leve agora do que eu estava lá no meu primeiro dia.

Mas caramba, era o primeiro dia.
Mas caramba, ainda tô na minha segunda semana. 

Tem muita coisa para acontecer ainda.

Hoje foi um dia mega intenso. Cheguei em casa quase 21h. Muito cansada e constatando que praticamente não tive tempo ocioso, então o cansaço tá mais do que justificado. Além de ter trabalhado pra caramba, refleti bastante sobre muitas coisas que acontecem dentro do hospital, e dentro de nós também, por consequência. 

Então o dia de hoje merece uma narrativa só dele, mas não agora.
Tô precisando ir dormir.

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