Cachoeira, espumante e 2020

Acordei sem perspectivas de virada de ano. Não sabia como seria minha meia noite.

Estava entre a família, no meu braço havia uma pulseira para uma festa rave, mas nenhuma companhia para ir junto. Na praça da cidade sem nenhum requinte de queima de fogos.

Passamos o dia na cachoeira Pancada Grande. Muita gente teve a ideia de passar o último dia do ano na cachoeira. A gente tem essa ideia de que a água corrente leva as energias ruins consigo.
Foi mágico. Pancada é praticamente quintal de casa, mas fazia bastante tempo que eu não ia lá. Engraçado como às vezes a gente não valoriza o que tem por perto, mas Pancada Grande é um dos lugares mais lindos que conheço. A mata fechada ao redor, o barulho da água anunciando que estamos nos aproximando, as oferendas deixadas na beira do rio, a água fria porém convidativa... Me senti em casa, pisando nas pedras, no limo, na areia. Me deitando na queda dágua e sentindo a água carregar toda a negatividade embora, assim eu pensava.

À noite não tive vontade de ir para lugar algum. Queria mesmo era passar a virada dormindo. Cansada demais. Talvez o cansaço fosse porque passei os últimos dias dormindo apenas 4 horas por noite. Talvez. Eu não estava chateada. Estava bem tranquila com relação à minha virada de ano dormindo. Até que meu primo insistiu para que fôssemos passar na casa do meu tio.

Coloquei uma bata branca qualquer e um short de tactel que minha avó usa para ficar em casa. E assim fomos, bebemos cerveja, e conversamos sobre mil coisas. À meia noite fizemos nossa contagem regressiva e tomamos um espumante. As cachorras (são três) correram para se esconder do barulho dos fogos.

Na saída da casa de meu tio resolvemos ir ver minha mãe, que estava na praça. 
Íamos apenas vê-la. 
Saímos de lá 6h da manhã. 
A essa altura eu já estava embriagada e com a bochecha doendo de tanto rir. Vendo aquele céu meio azul, meio rosado, a silhueta dos coqueiros, e pra completar a ornamentação de natal do bar. Era ali mesmo onde eu deveria estar.

Meu celular deu defeito no dia anterior, então fiquei livre de redes sociais. Até agora não coloquei para consertar e percebi que se desprender do celular é de certa forma libertador. Tem seus pontos negativos também, porque é mais difícil receber e dar notícias (e também por conta disso não consegui pegar as fotos que queria para esta publicação, mas posso editar e adicionar depois), mas é uma experiência interessante.


E foi assim que tive um dia incrível, cheio de altos e baixos e altos, e vi o dia raiar em 01/01/2020, vestindo uma bata branca qualquer e um short de tactel que minha avó usa para ficar em casa. Estive ao lado de pessoas que gosto e ignorei completamente o mundo exterior. Ainda não tive o momento de refletir sobre 2019 e pensar sobre como será 2020, mas de antemão já sei que o ano que passou foi de muitas descobertas, foi incrível demais. E nesse período de fim de ano, sem querer, eu acabei mergulhando bastante em mim. 

Que tudo isso abra os caminhos para 2020.

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