Um pouco nostálgica

Minha avó teve uma audiência no fórum. Uma tentativa de conciliação. (até parece)
Ela me pediu pra ir junto. Eu não queria, mas fazer o quê? Vó é vó.

Eu não entrei no Salão do Júri. Fiquei sentada numa daquelas cadeiras azuis acolchoadas de sala de espera.
Levei um pouco mais de uma hora. Só esperando.

Deu saudade da infância. De quando minha mãe trabalhava no fórum e me levava pra lá. Eu adorava. Sentava numa das mesas do Cartório Eleitoral e quando não estava olhando minha mãe trabalhar eu pegava as folhas - daquelas com furinhos e que se destacam dos lados, sabe? -  que minha mãe me dava e os lápis e canetas para desenhar. Ah! Eu adorava as canetas. Eu era primário e as professoras não deixavam a gente usar caneta. Eu ia para a copa. Quase nunca tinha nada pra comer, mas eu gostava de ir lá só pra beber água mesmo e ver os adultos beberem café. Quando acabavam as ideias para os desenhos eu ia perambular pelos arredores. Eu achava o máximo ficar olhando as roseiras que enfeitavam o prédio e até arrancar uma rosa escondido de vez em quando. Eu gostava quando minha mãe pedia para eu fazer alguma coisa. Eu me sentia útil.

Olhando aquelas paredes descascadas e sem graça me vieram todas essas lembranças à cabeça. E imaginei que se eu fosse criança aquela espera seria muito diferente.

A audiência termina. Minha avó me chama para ir embora. Finalmente volto para o presente. 
Eu sou só uma garota de dezesseis anos, com aparência de treze e imaginação de oito.

Comentários

  1. Eu adoro o jeito que você escreve. Parece como aquele livro que eu gosto de ler, mas nunca consegui escrever igual. Eu te daria um bom doce de uvas se eu tivesse um, por ter certeza!

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