Livro | A sombra do vento - (Carlos Ruiz Zafón)

Ainda vivendo a minha crise literária, resolvi entrar em um clube do livro. Aí sim. Tô bem empolgada porque o pessoal faz várias indicações e estão me estimulando a ler mais. Meu skoob está cheio de metas. 

Mas vamos ao que interessa. O primeiro livro do ano foi "A sombra do vento", que é o primeiro livro da série "O cemitério dos livros esquecidos". Logo de cara somos convidados a descobrir o que é o tal do cemitério dos livros esquecidos, que é uma imensa biblioteca descrita de uma forma mágica, e é apresentada ao nosso protagonista, ainda criança. Nesse lugar Daniel escolhe um livro do qual deveria cuidar para sempre, e a partir daí se apaixona pela leitura.

A sombra do vento, principalmente no início, é uma declaração de amor à leitura. É lindo ver Daniel descobrindo e se apaixonando pela leitura. O culpado de tudo isso é Julian Carax, autor do tal livro escolhido por Daniel no "cemitério dos livros esquecidos". O livro de Carax, cujo título é A sombra do vento, deixa Daniel tão envolvido, que ele passa a buscar conhecer mais sobre o autor e sua obra, o que se mostra uma tarefa complicada.

Dezenas de milhares de outros livros ficariam inexplorados, esquecidos para sempre. Senti-me rodeado por milhares de páginas abandonadas, de universos e almas sem dono, que se fundiam em um oceano de escuridão enquanto o mundo que palpitava do lado de fora daquelas paredes perdia a memória sem perceber, dia após dia, sentindo-se mais sábio quanto mais esquecia.

A saga de Daniel com o objetivo de desvendar o mistério de seu autor preferido é permeada por uma busca de auto-conhecimento, em meio a evolução dos seus relacionamentos amorosos, amizades e relação entre ele e seu pai. Dilemas e atitudes típicos de adolescente. Vemos tudo isso ao mesmo tempo em que a história de Julian Carax aos poucos também vai sendo desvendada, e acabamos nos envolvendo nas duas linhas temporais e com os personagens que vão surgindo em cada uma delas. Aos poucos as duas histórias vão se misturando e passam a ser uma só.

O livro possui diálogos interessantes e alguns bem divertidos, a maioria protagonizados por Fermín, um dos meus personagens preferidos. Achei bacana também a ambientação no período antes, durante e depois da guerra civil espanhola. Somos testemunhas da transformação que ocorre na cidade e na vida das pessoas no decorrer das mudanças políticas.

Eu crescera convencido de que aquela lenta procissão de pós-guerra, um mundo de quietude,de miséria e de rancores escondidos, era tão natural quanto a água da torneira, e que aquela tristeza muda que sangrava das paredes da cidade ferida era o verdadeiro rosto de sua alma. 
Este mundo não vai acabar por causa da bomba atômica, como dizem os jornais, vai acabar sim, de tanta risada, de tanta banalidade, por essa mania de se fazer piada com tudo, e além do mais, piadas ruins.

O livro é lindo. E além de tudo nos apresenta Barcelona. Depois de ler dá uma vontade de ir conhecer.

Ai, não resisti a transcrever alguns trechos. E tem uns outros também que me segurei para não copiar aqui.

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