Livro | Mindset (Carol Dwek)

Repito o que disse quando li O poder dos quietos: Se eu estivesse numa livraria eu não compraria esse livro. Esse título de "Nova Psicologia do Sucesso" me deixa com o pé atrás. Essas frases de efeito não me convencem, sabe?

Mas ele foi muito bem indicado por uma amiga. Muito bem indicado mesmo. E então eu resolvi ler. Na verdade depois dessas experiências estou começando a mudar minha visão com relação a esse tipo de livro.

Primeiramente: o que é mindset? Trata-se de uma atitude mental. Uma forma de pensar diante das situações da vida, que pode ser que não percebamos, mas segue uma lógica. 

Assim a autora defende a existência de dois grandes grupos: o mindset fixo e o de crescimento. Ao meu ver, a principal mudança entre um grupo e outro está em como eles encaram os fracassos. No primeiro grupo o fracasso é tido como uma coisa ruim, já o segundo pensa nos fracassos como uma oportunidade de aprendizado. De forma simplificada, no mindset fixo a pessoa acredita que as habilidades são inatas, e não há como desenvolver. No de crescimento pensa-se que o talento é algo que pode ser desenvolvido.

A autora divide o livro em algumas sessões, relacionando os mindsets com diferentes aspectos da vida: desempenho escolar, aptidão artística e esportiva, liderança voltada para business, relacionamentos amorosos e relação de pais e filhos. Admito a vocês que eu pulei o capítulo sobre negócios e demorei a voltar, porque não era muito convidativo para mim. Ao mesmo tempo em que lia Mindset eu estava lendo um outro livro (Você Sabe Estudar? - Claudio de Moura Castro), e ele me deu essa licença para pular um capítulo que não fizesse muito sentido para a minha realidade no momento (ainda não terminei esse livro, ele está meio abandonado, coitado, quem sabe volto e escrevo sobre ele).

Carol Dwek tem uma extensa pesquisa que baseia todo o livro, e a todo momento traz inúmeros exemplos que ilustram brilhantemente suas proposições. Enquanto lemos vamos identificando traços da nossa própria realidade e personalidade que combinam com esse ou aquele mindset. Achei incrível a ideia de que podemos mudar a programação da forma como pensamos e tomamos decisões. 

Vou falar um pouco da minha experiência pessoal. Eu sempre gostei muito de desenhar quando criança, e não parei de desenhar depois de adulta. Então hoje eu desenho relativamente bem e as pessoas dizem que tenho um talento, quando na verdade é prática, porque eu simplesmente não parei de desenhar, continuei "aprimorando a minha técnica". Se você for observar as primeiras obras de diversos artistas, muitas vezes é bastante perceptível o quanto eles aprimoram com o tempo. O mesmo vale para o esportes. Na infância eu me achava um zero à esquerda nas aulas de educação física, e hoje na atlética da universidade percebi que tenho muito mais aptidão do que imaginava. É questão de técnica, prática e comprometimento. 

Talento nato existe? Creio que sim. Genética, estrutura corporal, aptidão... Tudo influencia. Mas a determinação pessoal, o esforço que você emprega, as estratégias que você busca tem uma influência imensurável na forma como você lida com suas questões do dia-a-dia.

Eu tinha essas ideias mais ou menos presentes na minha mente. Carol conseguiu deixá-las mais claras ainda. E passei a refletir: como posso pensar isso sobre aptidões artísticas e esportivas por exemplo, e ter uma auto-estima intelectual bizarra de tão baixa? Eu sou estudante de medicina e duvido de mim o tempo todo, acho que não sou inteligente o bastante, acho que não merecia estar no curso, não sei o que estou fazendo aqui. Carol me ajudou a enxergar que a inteligencia também é uma construção. Desde criança eu era tão elogiada pela minha inteligência sem me esforçar muito, que agora, por ter que me esforçar começo a duvidar da minha capacidade. Afinal se tenho que me esforçar é porque não sou tão boa assim, certo? 

Errado. 
Erradíssimo.

Esse meu dilema pessoal ilustra bem o contraponto de mindsets, e como ambos (fixo e de crescimento) coexistem. A melhor parte é que é possível identificar (se conhecer melhor) e modificar essa programação mental (se assim quiser). 

Tô aqui me expondo, porque eu gostei muito desse livro e ele acendeu muitas luzes na minha mente. Ainda tem espaço para preconceito com esse tipo de livro? De jeito nenhum. To com uma lista de livros de desenvolvimento pessoal pra ler (desenvolvimento pessoal is the new auto-ajuda).

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