Vida de Topiqueiro

Ontem precisei ir para o fórum da cidade vizinha resolver um problema. Peguei ônibus, não consegui resolver o tal problema e fui procurar saber onde eu poderia tomar o ônibus de volta pra casa, porque Nilo é terrível pra pegar transporte.
Não tem rodoviária. Acredito que um dia já teve vide uma construção na saída da cidade toda destroçada que se assemelha ao que poderia um dia ter sido chamado de rodoviária. Sério, aquilo só serve pra dar sombra, e olhe lá, o teto tá todo despencado.
No centro tem uma pracinha minúscula, que tá mais pra canteiro mesmo, onde tem um banquinho com cobertura pr'as pessoas esperarem o buzu. Acontece que esse local está interditado, em obras. Creio eu que isso não tenha nadinha a ver com o fato de que as eleições estão chegando, lógico. Então fui para a esquina, onde encontrei uma senhora que também estava esperando o ônibus, outro ônibus. Ela me sugeriu que fosse para a ponte, que os ônibus e as topiques sempre param lá. Mas essa mulher conversou, viu? Até sobre o aniversário da sobrinha que vai completar 15 anos ela me falou. Mesmo eu respondendo com monossílabas ela se empolgava, e quando meu transporte chegou antes do dela ela falou Ô, perdi minha amiga. Fiquei imaginando se ela ia ficar lá falando sozinha ou sei lá.
Veja, não gosto de pegar topique, mas já estava esperando a mais de meia hora e nada de ninguém dar carona ônibus nenhum passar. Então eu fui, né. O motorista não passava de 60km/h, o vidro ele´trico não funcionava direito e começou a chover, o cobrador ficou dando em cima de mim, maaas o carro não tava lotado, o que é ótimo. Da última vez que eu tinha andado de topique tava tão socado de gente que até o motorista estava dividindo a poltrona com um passageiro. Felizmente cheguei em casa em segurança e nenhum pedaço da topique ficou pelo caminho.

Hoje, tive que ir lá de novo, consegui me resolver lá no fórum, e na volta peguei outra topique. Observei como é complexo o sistema deles. Esses de hoje ficavam apostando corrida e comemoravam sempre que ultrapassavam uma van ou micro. Ituberá era o ponto final deles, se passarem e determinado ponto eles são multados. Quando chegamos aqui, eles já tinham deixado os concorrentes para trás e eu me senti parte de uma equipe de corrida da fórmula indy (seja lá o que isso signifique). Os caras vibraram. Mas não era pelo mero fato de chegar ao ponto mais alto do pódio. Pelo que entendi, quem chega primeiro pode voltar primeiro, e pegar o passageiros antes dos outros. Mas aí não entendi mais nada depois, por que fiquei por último e eles estavam tão tranquilos com essa coisa do tempo que se ofereceram pra me levar na porta de casa. Fiquei a duas esquinas de distancia da minha rua tentando entender aquilo.
É realmente um sistema complexo.
E olhe que eu nem falei da demarcação de fronteiras.

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