Cabelos


Meu cabelo estava horrível. Péssimo. Pedi uma chapinha emprestada e fui alisar. Eu até me viro com a chapinha, mas nunca sai lá muito bem feita. O cabelo não fica tipo Naomi Campbel, que é o objetivo da coisa.

Fazia algum tempo que eu estava vivendo igual a um zumbi (coisas de fim de semestre). E fazia algum tempo que eu não colocava meus pezinhos em um salão (coisa de desleixo ou falta de paciência ou falta de dinheiro, entenda como quiser). De forma que assim que terminei a chapinha e olhei no espelho e enxerguei Mortícia Adams.

Tomei pavor àquela imagem que estava me encarando do espelho e num acesso de loucura fiz algo que uma vez na cadeira do salão de Andréia três anos antes eu tinha jurado nunca mais fazer: peguei a tesoura.


Vamos voltar a três anos atrás. Adoro flash backs.

Eu ainda estudava no CEFET/IFBA. Conversando com uma amiga e a amiga da minha amiga, veja bem ela não era minha amiga mas era amiga da minha amiga, ela poderia ser minha amiga, nada contra sermos amigas, mas naquele momento não éramos amigas, o que não vem ao caso, isso não tem nenhuma relevância para o caso, só estou tentando confundir a sua mente sem nenhuma razão.

Essa menina tinha uma franjinha que ela dizia que ela mesma cortava e me mostrou como fazer.
Quando eu era uma adolescente (como dói dizer isso: hoje eu sou uma adulta velha, responsável, chata e remungona AAAAA) minhas amigas achavam um sucesso andar com o cabelo "cacheado", somente com a franja alisada. Vou te dizer o nome disso: preguiça. Era pura preguiça de alisar o cabelo todo.

Eu achava que minha franja ia dar certo. Oh boy. Fiz uma merda enorme. Nunca se viu franja mais mal feita em todo universo. Eu peguei cabelo demais. Então eu usava metade da franja presa, e metade solta. Isso dava um efeito Amy Winehouse bacana, afinal de contas. Agora me deu saudade. Acho que vou cortar a franja errado de novo pra voltar com o visual Amy.

Fiquei um bom tempo sem ir no salão com vergonha. Afinal eu podia enganar meus amigos com meu novo estilo de cabelo. Mas não enganaria Andreia. No dia que eu fui fazer uma hidratação a moça me perguntou quem tinha cortado meu cabelo.


Ela me fez prometer nunca mais cometer esse sacrilégio novamente.


Prometi.


E aqui estou eu descumprindo a promessa.


Vamos voltar ao espelho com a imagem de Mortícia Adams refletida segurando uma tesoura.

Cortei.

E na maior ousadya do mundo ainda fiz um degradè. Mortícia Adams saiu do espelho e aí apareci eu. Com uma chapinha mal feita e um cabelo estiloso. Olhei pra mim mesma com uma cara de criança travessa que estava roubando doces. E corri pra chamar Rebecca pra ela me ver.


Rebecca me olhou assim:


E claro que eu comecei a pensar fizmerdafizmerdafizmerdafizmerda.

Até que ela me olhou assim:


E disse: Manuuuuu ficou ótimo.

No dia seguinte eu fui num salão consertar o que eu tinha feito. O moço fez o melhor que ele pôde, e precisou deixar ainda mais curto. But I don't care, I love it. Foi então que eu percebi que mentiram pra mim a vida toda. Sempre me diziam que eu não podia deixar meu cabelo curto, que ele iria inchar e encolher e blá-blá-blá. E eu assumia que inchar e encolher era ruim. Mas não era. Era bonito. Era eu.

Paguei o cara e saí do salão com a voz da Tulipa Ruiz na cabeça. Andando como se eu fosse Gisele. Sorrindo e acenando como se eu fosse Lady Di. Balançando a cabeça para ajeitar o cabelo como se eu fosse Justin Bieber no início da carreira.


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Escrevi isso já faz algum tempo. E a história se repetiu. Não aprendo. Corto em casa e depois vou consertar no salão.

Comentários

  1. Respostas
    1. Era pra ter mesmo, Luís!!! Deixei até espaços para isso, mas esqueci de colocar haahahha

      vou fazer! hahaha

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