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Mostrando postagens de 2023

Lucio

Estávamos os três almoçando enquanto uma colega contava que um médico idoso que a estava supervisionando deu em cima dela. Ele não chegou a ser um assediador nojento, abordou ela com certo charme até, convidando ela para jantar. Mas o momento não parecia o mais adequado. Além do que a colega não tinha mesmo interesse. - E você não aceitou o jantar?  - Não! Ele tem tipo... Duzentos anos!  - Oxe, se fosse eu, eu ia. - Tu ia o quê Lúcio! - Ia mesmo. Se eu fosse mulher eu não ia prestar não, gente. 

indo para a semana número sei lá quanto

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Faz pouco tempo que comecei a dar plantões, mas parece até que tem mais tempo. Salvei algumas vidas, frustrei algumas outras, enchi muito o saco dos meus colegas, discutindo casos em que me sentia insegura. Vivi bastante coisa, mas ao mesmo tempo me pergunto quando vai passar essa sensação de medo do que está por vir. Quando eu vou começar a ir em paz? Estou aqui arrumando minha mochila com medo. E se eu não souber lidar com o que surgir amanhã?  As vezes acho que a enfermagem passa por cima de mim, e isso me deixa ressentida. Mas também se não fosse por elas eu estaria perdida. Rimou sem querer, mas foda-se o eco, eu até gostei. Comecei a escrever este texto um mês depois da minha formatura. Ele ficou aqui perdido no meio dos rascunhos e é muito engraçado - talvez desesperador - que a sensação continue aqui. Quase a mesma. Quase é bom. E hoje minha vida está infinitamente diferente de como estava naquela época, mais ou menos um ano atrás. Não tô nem mesmo mais na mesma cidade. Est...

Alien azul

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E lá estavam as estrelas, perfeitamente visíveis. Gostaria de saber identificar constelações, parecia ser um céu propício pra deitar na areia da praia, olhar pra cima e dar nome às estrelas. Não deitei na areia, apenas olhei pra cima por um breve instante que pareceu ter durado muito tempo. Mas com certeza não foi uma contemplação demorada, essa é só a impressão que dava diante da atmosfera do festival. Um negócio meio etéreo. Apesar de que eu estava completamente sóbria.  Estava em frente a um dos palcos, rodeada por pessoas várias desconhecidas. Estranhamente confortável no meio da multidão. Tocava um techno que eu nunca havia escutado antes: Era um grupo de músicos instrumentais que tocavam sopro e percussão junto com batidas de música eletrônica. Technobrass. Surreal de bom. Pulava ao som do techno e via a beleza da lua agora já entremeada de nuvens. A banda toca uma música chamada Praia. Propício. Em meio às batidas da música as palhas do coqueiro ao meu lado também começam a ...